Roberto Alban Galeria

Artistas Artista

Renata De Bonis

As coisas não ditas

Jacopo Crivelli Visconti

Num artigo sobre o filme Wait (1968), de Ernie Gehr, publicado no Village Voice em 1968, Jonas Mekas tentava sintetizar a dificuldade de definir o que é que estamos vendo, quando lidamos com arte contemporânea: if WAIT were a 19th century 'narrative', these two people who are now sitting in Gehr's room, no doubt, would be talking, exchanging some lines, performing, going through some psychological bits.

Modos de atravessar o deserto

Marcelo Campos

O deserto nos conta histórias em silêncio. Diante da paisagem ou mentalmente instigado pela imaginação, o deserto existe mais forte numa visão obscura da alma. Lá encontramo-nos com nós mesmos. A ausência, condição fundamental, cria inúmeras possibilidades metafóricas. Seria a finitude ou o começo das coisas, do mundo? Uma simples linha, um simples traço podem servir de vetores, setas a seguir. Vetorizar é construir estradas, perspectivas, linhas de fuga. Assim, construiu-se a própria ilusão na arte, abrindo janelas em panos de linho. Portanto, ilusão, vontade construtiva, autorreflexão parecem indissociáveis dos modos de atravessar o deserto.

Os meios do caminho

Raphael Fonseca

Pode-se começar esse texto com uma citação inserida advinda da cultura brasileira: “No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho”. Seria possível articular a poesia de Carlos Drummond de Andrade com a residência artística de Renata De Bonis na cidade de Skagaströnd, na Islândia? De quais modos o “poeta das sete faces”, um dos pais da poesia do século XX no Brasil, poderia ir de encontro a esse país por vezes visto como ícone de tudo aquilo – gélido, pequenino e com montes brancos de neve – que seria destoante da imagem da brasilidade? Três são algumas das vias que podem conectar ambos na sua distância geográfica e histórica através dos mais recentes trabalhos da artista.

Mapas de matéria

Mario Gioia

É uma jornada algo angustiante. Os contornos das montanhas permanecem impassíveis, numa espécie de monumento natural e desafiador. O protagonista dessa trajetória que parece fadada ao fracasso nunca aparece. De acordo com a passagem do tempo, algo na imagem, que não é estática, muda, mas a aproximação almejada nunca se completa.

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